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maio 13 2018

10 obras de Tarsila do Amaral | Arte Brasileira

Tarsila do AmaralEm fevereiro visitei a exposição dedicada a Tarsila do Amaral no MOMA (New York). Acabei de publicar um vídeo sobre a exposição, mas eu sei que algumas pessoas (ainda) preferem os posts. Dizem por aí que o pessoal já não lê, mas como tenho fé na humanidade, não acredito.

Pensando em você que prefere um blog de raiz, resolvi postar as minhas 10 obras favoritas desta exposição, que percorrem as diversas fases da artista.

Tarsila do Amaral | Fase Cubista

Tarsila do AmaralComeçamos com uma obra que muita gente pensa que pertence à antropofagia, mas é bem anterior, de 1923.

“A Negra” pertence a fase conhecida como cubista, que eu chamaria de fase geometrizante ou de cubismo geométrico.

Um período influenciado pelas suas duas estâncias em Paris, entre 1922 e 1924. Neste período ela conheceu a Léger, Picasso, Delaunay, Juan Gris, De Chirico, Brancusi entre outros.

Tarsila: “o cubismo foi meu serviço militar”.

Tarsila do Amaral | Fase Pau-Brasil

Depois disso ela entra na conhecida como fase Pau Brasil, inspirada pelo que vê nas viagens que faz pelo Brasil, passando pelas cidades históricas de Minas e pelo Rio de Janeiro. Uma fase que vai de 1924 até 1928.

Sabe aquelas influências cubistas, geometrizantes das estâncias em Paris? A elas se unem as cores e os temas do interior do Brasil. Como em “Morro da Favela”.
Tarsila do Amaral - Morro da Favela
Em muitas destas viagens, ela estava acompanhada pelo Grupo dos Cinco, formado por ela, Anita Malfatti, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia.

Tarsila do Amaral

A artista pretendia reduzir ao máximo as formas e sobre as cores desta fase ela escreveu:

“Encontrei em Minas as cores que adorava em criança. Ensinaram-me depois que eram feias e caipiras… Vinguei-me da opressão, passando-as para as minhas telas: azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo, verde cantante… Pintura limpa, sobretudo sem medo dos cânones convencionais. Liberdade e sinceridade, uma certa estilização que a adaptava à época moderna”.

Durante o Carnaval de 1924 ela está no RJ quando em Madureira se encontra uma réplica da Torre Eiffel de Paris. Antes de saber disso, para mim “Carnaval em Madureira” era a perfeita união daquele momento entre todas suas influências. Mas que nada, olha a foto em que se vê a réplica 🙂
Tarsila do Amaral - Obras

Tarsila do Amaral
Na obra “Palmeiras”, a gente vê casas, montanhas, palmeiras, mas para mim é uma alegoria da solidão, de uma dura e melancólica solidão.

Muitos críticos acreditam que esta obra já estaria no limite do que se vai conhecer como fase antropofágica, talvez por este caráter alegórico, metafísico.

Tarsila do Amaral | Antropofagia

Tarsila do AmaralEm 1928 inicia sua fase antropofágica, que se estende até 1930. E na verdade, tudo começa quando dá de presente de aniversário a seu marido, Oswald de Andrade uma tela. Que era simplesmente o “Abaporu”, que acabou virando símbolo do movimento antropofágico.

O manifesto pregava que o artista brasileiro deveria se alimentar das ideias vindas de fora do país, aproveitar aquilo que julgasse interessante e jogar fora o o resto, tal qual faziam os índios antropófagos naquele Brasil primitivo.

Tarsila falando sobre o Abaporu:

“Eu queria criar uma imagem que assustasse Oswald, algo realmente fora do comum. O Abaporu era aquela figura monstruosa, a cabecinha, o pequeno braço magro apoiado por um cotovelo, aquelas enormes pernas compridas e, ao lado, um cacto que parecia um sol, como se fosse uma flor e o sol ao mesmo tempo. Então, quando viu a foto, Oswald ficou extremamente surpreso e perguntou: Mas o que é isso? Que coisa extraordinária!”

Tarsila do Amaral - Obras

“O Lago” tem ares surrealistas. Mas um surrealismo tarsiliano, em que a flora parece um bicho, esta pintura é uma fantasia. Algo que só existia na cabeça da artista. A fantasia vai ser uma característica forte nas telas da fase antropofágica.
Tarsila do Amaral

“Antropofagia” é genial, porque funde duas pinturas anteriores 😉 A Negra e o Abaporu.
Tarsila do Amaral - Obras

“Sol Poente” é de 1929, mas parece antecipar o que viria a ser a explosão de cores da década de 1970. Foi realizada a partir de uma foto de sua fazenda na região de Itupeva, no interior de São Paulo.

Tarsila fala sobre esta obra:

“Falar com Deus era para mim esse quadro: eu sentada, do terreiro olhando esse tronco que tinha na fazenda, a cor do sol cobrindo tudo, e eu chorando, menina, pedindo perdão por meus pecados.”

Tarsila do Amaral

“Composição. Figura Só” emociona. Difícil tirar os olhos desta pintura, em que a economia de recursos faz com que a mensagem seja ainda mais potente.

Foi uma época dura para artista. O Crack da bolsa de New York em 1929, havia praticamente levado sua família a falência. E se isso não bastasse, é abandonada por Oswald de Andrade, que cai de amores pela Pagu. Apenas pintou esse quadro em 1930.
Tarsila do Amaral

Tarsila do Amaral | Fase Social

Na década de 1930 realiza uma exposição em Moscou para onde viaja com seu companheiro marxista. O que vê e seu entorno mais próximo, convergem seu olhar para as questões sócio-políticas.

Neste momento pinta Operários, seu quadro de maior tamanho.

“Eu me inspirei em São Paulo, na sociedade industrial. Eu fiz tudo baseado em fotografias e na memória visual de certas pessoas que eu conhecia.”

Tarsila do Amaral - Obras

Tarsila do Amaral | o Vídeo

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Tarsila do Amaral | Obras por ordem de aparição:

1. A NEGRA (1923) – MAC/Sampa
2. MORRO DA FAVELA (1924) óleo sobre tela, 64,5×76 cm, Coleção Hecilda e Sergio Fadel, RJ
3. CARNAVAL EM MADUREIRA (1924) – Fundação José e Paulina Nemirovsky, São Paulo, SP
4. PALMEIRAS (1925) – Coleção Particular – SP
5. ABAPORU (1928) – Malba – Buenos Aires
6. O LAGO, 1928, óleo sobre tela, 75,5×93 cm, Coleção Hecilda e Sergio Fadel, RJ
7. ANTROPOFAGIA, 1929, óleo sobre tela, 79×101 cm, Fundação José e Paulina Nemirovsky, SP
8. SOL POENTE, 1929, óleo sobre tela, 54×65 cm, Coleção Geneviève e Jean Boghici, RJ
9. COMPOSIÇÃO (Figura só), 1930, óleo sobre tela, 83×129 cm, Instituto São Fernando RJ
10. OPERÁRIOS (1933), óleo sobre tela, 150×205 cm, Acervo Artístico- Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo

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