Guias de Viagem e Arte

 
 
mar 08 2010

A Cascais dos amantes sugados pelo mar – Boca do Inferno

Dia primeiro de janeiro é super legal quando se está em casa, é dia de semana e portanto, dia de ócio. Agora quando estamos de viagem, muitas vezes damos “com os burros n´água” porque a maioria das atrações estão fechadas. Diante deste panorama, depois de deixar as coisas no hotel de Sintra, decidimos realizar um passeio à Cascais. Pegamos o ônibus da Scotturb em frente à estação de trem de Sintra. Nossa idéia original era parar no Cabo da Roca, mas ventava tanto e ameaçava chover, acabamos desistindo do Cabo e continuamos até Cascais.

Cabo da Roca
Desta vez o Cabo da Roca apenas da janela do ônibus

Da rodoviária se chega caminhando rapidamente à orla, passando por um shopping enorme e moderno. A região atrai muitos europeus pelos inúmeros outlets e bons preços.

Shopping Cascais

Em poucos minutos estávamos na Cascais de origem provavelmente romana, e que no século XII era uma simples vila de pescadores. Mas como passou de vila à praia de moda? Em 1879, o rei D. Luís I escolheu a cidade como lugar de veraneio. O rei atraiu um séquito de aristocratas e as casas que foram construídas são testemunhos diretos desta época de luxo e realeza. Com a chegada em 1889 da linha de trem, definitivamente a vocação da cidade de local de veraneio dos lisboetas estava consolidada. Mesmo com o estabelecimento da República, Cascais não foi abandonada, o palácio real se converteu em residência oficial de verão do presidente.

Cidadela Cascais
Ao fundo, a Cidadela (fortaleza mais antiga da região)

Cascais

Cascais

Caminhamos em direção à Boca do Inferno. O percurso é uma delícia. Dois quilômetros às margens do Atlântico passando por pequenos mercados de toda sorte de produtos texteis portugueses. Sabe aquelas toalhinhas rendadas que tua mãe adoraria receber de presente e que seria super vintage em um belo jantar para os amigos? São estas mesmas, e com o privilégio de barganhar olhando diretamente ao mar, quer mais inspiração?!

Cascais

Eu simplesmente amo os despenhadeiros, e rochas pontiagudas perdidas no mar. Se você também curte estas manifestações meio que violentas da natureza, vai se deliciar até a Boca do Inferno. As fotos não dão conta da beleza do lugar e do seu magnetismo. Ficamos uns vinte e cinco minutos vendo o balé do mar que entrava e saía por aquela fenda enorme em uma rocha erosionada por anos de ação do mar. Dizem que teria sido uma gruta que foi perdendo suas camadas superiores.

Cascais

Percurso a Boca do Inferno
O percurso para a Boca do Inferno

Boca do Inferno
Agora o mais lindo é a lenda em torno do lugar. Um belo dia um homem meio feiticeiro mandou trazer a mulher mais linda da região para convertê-la em sua mulher. Quando se viu frente a frente com ela, viu que sua beleza era ainda maior do que imaginava. Louco de ciúmes e com medo de perdê-la, aprisionou a bela em uma torre com seu mais fiel cavaleiro como escudeiro. Um dia ambos começaram a conversar e daí a que se vissem e se apaixonassem foi um pulo. Resolveram fugir montados em um cavalo. O feiticeiro quando ficou sabendo da fuga criou uma tempestade gigantesca que fez tremer a terra, que começou a se abrir. Uma destas fendas sugou os amantes, e o mar voltou a calmaria. A fenda que consumou o casal nunca se fechou e em alguns momentos se retoma a fúria do mar como naquele dia em que dois apaixonados foram sepultados pela loucura de um homem cego de paixão.

Boca do Inferno

Não é bonito?! E o mais lindo foi comer umas castanhas portuguesas à saída da Boca do Inferno. Quentinhas, eram doze robustas e deliciosas castanhas a 2 euros. O mais interessante era sua embalagem. Um saco duplo, ou dois saquinhos de papel colados, em um as castanhas, e em outro o espaço para colocar as cascas! Idéia simples, mas que significa, cidade mais limpa!

Castanhas portuguesas

Na volta passamos por este bar na rua de pedestres, o Xenu, onde comemos um kibe delicioso na charmosa Cascais. De lá direto para a rodoviária, porque Sintra nos esperava com o grande jantar da viagem!

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fotos: turomaquia_2010